Percurso pela história da África do Sul pode ser feito com luxo colonial
Essa é a tentadora proposta do Blue Train, cuja rota entre a Cidade do
Cabo e Pretória, conectando dois dos centros nevrálgicos da África do
Sul, remonta à década de 1920 e é uma das mais emblemáticas do mundo
junto com a do Expresso Oriente europeu e da Transiberiana russa.
Em seus vagões cobertos de madeira de alta qualidade, o trem abriga
íntimas suítes com diversos detalhes e bares e salões para conversas e
relaxar desfrutando de espetaculares vistas em transformação através de
todas suas janelas, que alcançam o ponto alto ao atravessar o deserto de
Karoo.
"Quando as embarcações atracavam na Cidade do Cabo, os passageiros
subiam nos trens para viajar rumo ao norte. O trem voltava com outros
passageiros, que embarcavam para a Inglaterra levando com eles o
correio", explicou à Agência Efe Herbert Prinsloo, gerente a bordo do
Blue Train.
Entre os milhares de "aventureiros" e "exploradores" que se deslocaram
no Blue Train desde seu nascimento, Prinsloo destaca figuras de renome
como o rei George VI da Inglaterra, que, junto a sua família, o utilizou
como meio de transporte durante sua visita à África do Sul em 1947.
Para que o rei pudesse beber o tempo todo seu leite fresco, o trem viajou com uma vaca viva a bordo.
Conhecido em seu início como o "trem do champanhe", pelos brindes
eufóricos toda vez que era fechado um negócio nas minas de Johanesburgo e
Pretória, o Blue Train continua sendo cenário de celebração e alegria.
"Muitas mulheres presenteiam seus maridos com viagens de aniversário.
Outros casais se casam no trem, ou se casam em alguma de nossas paradas
de 45 minutos e continuam a viagem como uma lua-de-mel", contou
Prinsloo, que trabalha nesta rota desde 1989.
Além do ambiente festivo, se mantém invariável a origem de boa parte
dos passageiros: "britânicos, americanos e australianos" são alguns dos
passaportes mais utilizados para reservar bilhetes, cujos preços oscilam
entre 900 euros e 1.800 euros, dependendo da temporada e da classe
escolhida.
"Os japoneses representam 16% do mercado", destacou Prinsloo sobre a
grande novidade na procedência dos usuários do Blue Train, que opera com
o nome dado por seus imaculados vagões de cor azul desde 1946.
O histórico trem sul-africano - que atualmente circula a uma velocidade
média de 80 km/h - retomou então seu serviço após ter sido utilizado
para transporte militar durante a Segunda Guerra Mundial.
"Viajamos em vários trens europeus, mas o Blue Train será nossa
primeira grande rota", disse à Efe na sala de espera da Estação de
Pretória a australiana Deborah Jones, que viajou à África do Sul com
amigos para um casamento e se dispõe a continuar suas férias na Cidade
do Cabo depois da união.
Uma das duas paradas que o Blue Train faz em seu percurso acontece na
rota entre Cidade do Cabo a Pretória e é o balneário vitoriano de
Matjiesfontein, fundado em 1884 e situado no Karoo.
A escala no sentido contrário é na cidade de Kimberley, a cerca de 470
quilômetros de Johanesburgo e berço da mineração de diamantes na África
do Sul.
No local, os viajantes visitam a antiga cidade mineradora, em cujas
casas intactas viveram os pioneiros desta indústria, e o Big Hole, o
maior buraco do mundo escavado com pá, uma cratera de 214 metros de
profundidade com uma superfície de 17 hectares e um perímetro de 1,6
quilômetro.
Entre 1871 e 1914 foram extraídos da mina 2.722 quilos de diamantes,
para os quais foi preciso retirar 22,5 milhões de toneladas de terra,
segundo a empresa mineradora De Beers, dona da exploração.
Propriedade da empresa pública ferroviária sul-africana Transnet, o
Blue Train possui 19 vagões e pode hospedar cerca de 80 passageiros.
Fonte: Terra Turismo
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